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“A foto onde eu quero estar”
por Antônio Carlos Miguel

Esse é o quarto, fiel aos que mostrou nos CDs anteriores, mas, em muitos sentidos, com um sabor de reestreia. Agora com o prenome João junto ao artístico Fênix, “A foto onde eu quero estar” é o primeiro nesta nova década de sua carreira e o seu disco mais autoral. Além de, para um artista que também tanto explorou a presença cênica, inaugurar um visual mais sóbrio.

Sua principal característica, a voz andrógina, tanto tem sido um trunfo quanto um entrave. Numa década de atuação discográfica – a partir da estréia, em 2001, com “Eu, causa e efeito” – houve quem se limitasse à automática comparação com Ney Matogrosso. Mas, se João Fênix sempre assumiu com naturalidade a influência do pioneiro cantor revelado no grupo Secos & Molhados, em seus discos anteriores também mostrou identidade, técnica vocal impecável e um repertório diferenciado, no qual dosou clássicos e composições originais.

Nascido no Recife, ele despertou para a música ao som de mestres como Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro e, ainda na capital pernambucana, estudou no conservatório, fazendo bacharelato em canto lírico.

Em fins dos anos 90, no Rio, foi um dos destaques do musical “Os Quatro Carreirinhas”, dirigido por Wolf Maya. Depois, viveu uma temporada em Nova York, ampliando suas referências culturais. De volta ao Rio, após “Eu, causa e efeito” confirmou nos trabalhos discográficos seguintes, “Marfim” (2004) e “Ciranda do mundo/Ao vivo” (2010), sua identidade. Música brasileira contemporânea.

Algo que se confirma e fica mais nítido em “A foto onde eu quero estar”, álbum no qual o também compositor assina seis das 11 faixas e ainda é o autor das versões de duas outras (“Hoje sou mais eu” e “O equilibrista e o as animais”), numa seleção que é completada por pessoais interpretações para “Meu Rio” (Caetano Veloso), “Hallelujah” (Leonard Cohen) e “Delírios” (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim).

“A foto onde eu quero estar” mistura com habilidade instrumental acústico e eletrônico, em produção dividida entre Jaime Alem (que assina cinco faixas, além de participar como arranjador e violonista) e JR Tostoi (o responsável pelas outras seis, e presença forte no estúdio com guitarras, violões, dubs, programações, teclados). Fênix e esses dois produtores, com trajetos e perfis bem diferentes, promovem uma troca de referências e experiências, sem fronteiras rígidas entre gêneros, pautados pela invenção.

Na abertura, “Entrar na dança” (João Fênix e Cláudio Lins) promove o encontro de pulsação de pista e leveza: a marcação hipnótica e sinuosa fornecida por Tostoi (programação, dubs e teclado), Guila (baixo) e Jaime Alem (violão) ganha comentários de Fabra (teclado e escaleta) e Serginho Trombone. Já em baladas como “A foto onde eu quero estar” (música e letra de Fênix, na qual confirma sua veia poética ) e “Um segundo” (outra composição dele, citando no fim um trecho de “Olhos nos olhos”, de Chico Buarque) a levada é, a princípio, acústica, conduzida pelos violões de Jaime Alem e pelo baixo acústico de Andre Vasconcelos, mas colorida por intervenções precisas e preciosas de Tostoi (guitarra e dubs) e Sacha Amback (teclados). Há faixas nas quais as cordas vocais de Fênix têm como principais in- terlocutores outras cordas, muitas cordas. É o caso de “Hallelujah”, embalada
por quarteto de cordas – Ricardo Amado (violino), Adonhiran Reis (violino), Gabriel Marin (viola) e Alceu Reis (violoncelo) -, violão (Caio Cezar), viola caipira (Timóteo Squinelato), bandolim (Pedro Amorim), cavaquinho (Alessandro Valente), baixo acústico (Alexandre Brasil). Se o clássico de Cohen ganhou um sotaque entre o caipira pantaneiro e o choro, para o tango “O beijo” (parceria de Fênix com Edu Krieger) o sabor é portenho, com formação de um sexteto que remete a Piazzolla – acordeon (Marcelo Caldi), piano (Estela Caldi), violino (Ricardo Amado), violoncelo (Márcio Mallard), violão (Edu Krieger) e baixo (Guila) -, mas filtrado pelos comentários de Tostoi (programações e dubs).

Mais contrastes no tratamento para “Meu Rio” (uma pérola pouco reverenciada de Caetano Veloso), que alterna a levada samba-choro de Marcos Susano (ritmo), Rodrigo Campello (violão de 7 e cavaco) e Bruno Migliari (baixo) com as intervenções de Fabra (teclado e loop) e Tostoi (programações, teclados e filtros). Ou na densa e eletrônica “O som do amor pra sempre”, unindo o canto fino e límpido de Fênix com o recitado em tom  cavernoso de Luís Capucho, ambos de grande força poética.

As tentativas acima de destrinchar o emaranhado de sonoridades e sentimentos mostram um pouco do quanto esse disco pode proporcionar. É uma questão de sintonia

Site: joaofenix.com.br

Áudio: A Foto Onde Eu Quero Estar

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